Um dia de Descobertas.


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Rodrigo, 16 anos.

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Ninguém me entende. Às vezes, nem eu me entendo. De verdade. Mas neste exato momento estou sozinho em meu quarto, onde quero ficar para sempre. Deve ser um sonho, um pesadelo, aliás. Queria não ter escutado aquilo no consultório do médico... Queria achar que ele está errado... Se não fosse o quinto médico que dá o mesmo diagnóstico para minha mãe. As paredes daquele hospital agora deverão ser familiares para mim. 

ELA. Esclerose Lateral Amiotrófica. É um nome difícil, mas é um nome. É a explicação para as quedas da minha mãe. A falta de coordenação... Eu não sei explicar o que é a doença dela, só sei o nome, e é tão difícil que eu resumi em outro nome de doença. Prisão corporal. Agora eu sinto medo do que pode acontecer com ela. Não quero que ela passe o resto da vida atrofiando, como os médicos dizem que vai acontecer... Vivendo dentro de um hospital. Não pode ser. 

Escuto a porta do meu quarto bater, mas são batidas tão leves, que penso serem de criança. Sento-me na cama e espero a porta se abrir. Ela revela a criança de cabelos loiros, e olhos grandes. Sorrio levemente, e a chamo para se aproximar. Minha priminha. No mínimo ela vai começar a contar sobre o dia na escola, vai me pedir pra brincar com ela... Algo assim. E é justamente o que ela faz, quando pula na minha cama e em cima de mim. Eu rio com a risada dela, e sinto minha dor diminuir aos poucos. Sarinha é a criança mais cheia de vida que eu conheço.


Guigo.

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